Quando você não tem amor, você pede ao outro que lho dê; você é um mendigo. E o outro está lhe pedindo para dá-lo. Ora, dois mendigos estendendo as mãos um diante do outro, e ambos esperando que o outro tenha algo... Naturalmente, ambos se sentem derrotados e ambos se sentem enganados.
Você pode perguntar para qualquer marido e para qualquer mulher; você pode perguntar para qualquer namorado — eles se sentem enganados. Era uma projeção pensar que o outro o amava - se a sua projeção era errada, o que o outro pode fazer? Sua projeção se desfez; o outro não se mostrou de acordo com a sua projeção, isso é tudo; mas o outro não tem nenhuma obrigação de se mostrar de acordo com as suas expectativas.
E você enganou o outro — esse é o sentimento do outro, porque ele estava esperando que o amor fluísse de você. Ambos estavam esperando que o amor fluísse do outro, e ambos estavam vazios — como o amor pode acontecer?
Sozinhos, vocês estavam se sentindo frustrados; agora, juntos, vocês se sentem frustrados. Há algo bom nisso, no sentido de que agora você pode atribuir a responsabilidade ao outro — o outro o está fazendo infeliz; esse é o ponto positivo.
Você pode se sentir à vontade. “Nada está errado comigo, mas o outro... O que fazer com essa mulher — detestável, rabugenta? A gente tem que ser infeliz. O que fazer com um marido desses — feio, avarento?” Agora você pode pôr a culpa no outro; você achou um bode expiatório. Mas a infelicidade continua, se multiplica.
Ora, esse é o paradoxo: os que se apaixonam não têm nenhum amor, e por isso se apaixonam. E porque não têm amor, não podem dar amor.